segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Falsos Undergrounds


Por toda parte, onde quer que estejamos, podemos observar, nitidamente, caricaturas do underground que, nascidas do cenário espetacular, desejam cretinamente transformar a subversão da contracultura em uma cultura de mercado, irrigada pelo consumo de ideologias e acessórios de personalidades vazias. Em outras palavras, essa face em decadência do underground nada mais é do que o reflexo de uma sociedade espetacular e não da contracultura de fato.

Nos dias atuais, os instrumentos de convencimento do mundo mercantil, moldou, minuciosamente, grande parte das individualidades autênticas. Tendo sua juventude trocada por submissão total à sobrevivência, estas pessoas mal sabem que vivem uma vida artificial criada em laboratório. Mal se dão conta de que estão imersos em uma vida já planejada por outros antes mesmo deles nascerem. Têm sonhos quase que exatamente iguais aos de todos os outros que estão presos na mesma decadência. Com peculiaridades altamente previsíveis e uma moral que, muitas das vezes, nunca foi questionada, levam a sobrevivência de cabo-a-rabo em um mundo consumível e podre.

Estas farsas do underground desejam, com todas as forças, serem diferentes dos que, na verdade, são iguais. Eles estão por toda a parte, deturpando aqueles que lutam por uma vida digna e usando como argumento o que aprenderam de lição de vida na última novela das oito. Neste ponto eu não vou resistir: adoram se mostrar críticos quando na verdade nunca tiveram coragem de criticarem a si mesmos.

A estes camaradas eu vos digo: Libertem-se, pensem, elevem-se. Não há motivo de medo ou desconfiança, vossos cérebros são capazes. Não, não estou dizendo que sou o dono da verdade. Mas, nos considerar como ingênuos imersos em uma utopia é idiotice e covardia, pois, querendo ou não, a opção de luta é – com toda a certeza - melhor que viver em uma inércia que mata muito antes de um laudo médico.

Pensem nisso...
- Benny

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Fim Justifica os Meios


O fim justificam os meios, quem não conhece esta máxima? Contudo, os fins não justificam quaisquer meios, para cada fim existe um meio. Nossos meios têm sido fraca propaganda, tentativas frustradas de realizar eventos e – o que considero que tivemos mais sucesso – apoio e luta conjunta com outros coletivos.

Quero, com este texto, fazer uma análise das possibilidades e dos fatores que vêm machucando nossos calcanhares. É verdade que já tivemos reuniões com 40 pessoas e que tínhamos uma empolgação colossal. Entretanto, nem a reunião com 40 pessoas e a grande empolgação nos ajudou como deveria. No final o que tivemos foram pessoas abandonando o coletivo e desanimação. Mas o que ao certo nos levou a este lamentável resultado?

Na sociedade onde as pessoas sobrevivem em vez de viverem existem verdadeiros muros nos impedindo de quase tudo. Falar de todas as coações seria fútil agora, vamos falar objetivamente do que poderia ter nos enfraquecido.

Antes de qualquer coisa devemos considerar a família, porque não? Somos por maioria adolescentes (com menos de 21 anos) que está em profunda dependência financeira (e às vezes moral) dos pais. Logo, a mera vontade de participar das reuniões do GUG depende da permissão dos pais. Em seguida, podemos ressaltar o trabalho e estudo e demais responsabilidades que consome grande parte do tempo de todos. O desinteresse é aparente, podemos perceber isso com facilidade. Alguns com intensa vontade de participar e outros apenas de passagem. Importante, também, é ressaltarmos a enorme dificuldade para conseguir locais para reunião, materiais e demais atividades. Estes são apenas alguns fatores de nossos problemas.

Como problema mais enfrentado enfatizaria a questão da organização e falta de planejamentos. São muitas tarefas a se fazer e poucas delas são distribuídas e poucas pessoas ficam delegadas com responsabilidades. Estamos sempre polarizados em questão de participação e não conseguimos traçar metas próximas e reais. É, talvez por isso, que muitas vezes acabamos frustrados por não conseguirmos atingir até objetivos pequenos.

Mas qual seria o causa mortis?

Dentre todas as coisas que já fizemos existe uma que fizemos de menos: propaganda. Apesar de tudo, somos poucos conhecidos em nossa cidade e poucos possíveis militantes do GUG conseguem chegar até nós. Para resolver isso proponho um planejamento minucioso de propaganda para estes próximos meses com o objetivo agregar pessoas interessadas em participar de nosso coletivo. Esta propaganda deve consistir em conscientização da necessidade de união do underground; convencer nossos semelhantes de seus potenciais e mostrar a eles o caminho da organização da contracultura. Ao mesmo tempo, temos de fazer um intenso trabalho de formação interna, nós – que já estamos entrosados no coletivo – também precisamos de consciência e se preparar para a futura reação. Trata-se agora de cuidar de nosso jardim para que venham as borboletas, de formarmos uma forte base para, então, agirmos ativamente em nossos anseios. Precisamos organizar melhor o coletivo, distribuir bem as tarefas, incentivar a participação, elaborar planos escritos e detalhados, trabalhar na divulgação das reuniões, criar oficinas de formação e, claro, estudar: precisamos ter alguns embasamentos teóricos aprendidos na prática para que não cometamos os mesmos erros.

Para realizar o underground temos uma longa caminhada, ainda não nos demos de cara com as verdadeiras dificuldades, aquelas que chamamos de forças da ordem, burocracia da sociedade espetacular e inimigos ativos. Precisamos nos dar, primeiramente, com nossos problemas internos para aí sim partirmos para a ação que tornará real aquilo que desejamos.

Sem saber que era impossível ele foi lá e fez.

- Crowley

sábado, 2 de janeiro de 2010

O Conformismo Suicida


Antes de tudo, gostaria de aprofundar com vocês o conceito de conformismo e suicida, para assim chegarmos a esse fenômeno cultural e prejudicial, que assola as mentes da grande maioria da população brasileira.

Com uma rápida consulta podemos encontrar diversas formas de entender o que seria o conformismo, me atenho ao sentido de que seja uma tendência de se conformar com os usos estabelecidos, ou seja, se submeter ao que lhe é imposto, mantendo-se inerte a qualquer ação que possa mudar o tal "estabelecido". Assim sendo, chegamos ao conceito de suicida, superficialmente entendemos suicídio como o ato de provocar a própria morte, mas podemos estender também à destruição, a ruína ou a derrota do próprio indivíduo, este sendo o nosso infame suicida. Com estes dois conceitos em mãos podemos chegar a uma mesclagem, originando assim nosso conceito de conformismo suicida, que resumidamente seria o fato do indivíduo se conformar com o que lhe foi imposto de forma preestabelecida, levando assim a sua própria ruína, não necessariamente a sua morte. Mas o que poderia ser pior que a morte? Poderiam lhe perguntar. Perder a sua liberdade e ser confinado em um mundo depredado pela ganância, um mundo de eterna subjugação e constrangimento perante párias, sujeitos desprovidos de moral e bondade. Seria este mundo uma prisão penitenciária, aquela que você só viu pela televisão e teme que um dia acabe por lá, largado às traças por defender sua vontade e honra? Não pasmem caros leitores, este mundo do qual lhes falo é real, tateável e visível. Este mundo é o nosso país: Brasil das palmeiras, da mulata, do samba e também do preconceito, seja este racial, cultural, social ou até mesmo sexual, o Brasil das autoridades com plenos poderes e destemidas de se utilizarem de benefícios indiscriminados.

E onde estamos em meio a toda essa bagunça? No fundo do poço, nos arrastando para conseguirmos um lugar ao sol, um lugar na mediocridade de um salário que pelo menos nos dê o que comer, porque muitas vezes nem isso o pobre brasileiro tem, trabalha noite e dia sendo cuspido na cara pelos aristocratas e tendo que lidar com sua barriga que ronca de fome, clama por comida. E o seu coração? Pelo que ronca o coração do brasileiro? O que clama no fundo do interior desta pobre e açoitada alma? Justiça, igualdade e tudo aquilo que nos prometem a cada 4 anos e mesmo assim não nos dão. Já está estabelecido por leis que devemos temer as autoridades, que devemos respeitá-las e jamais tocá-las. Assim como na antiguidade onde o Rei era uma figura divina, investida de poder através da maior arma da cultura da subjugação européia, a bíblia. Nas mãos de velhos decrépitos que diziam serem enviados de deus. E agora? As autoridades brasileiras são divinas! Investidas de poder através da constituição federal da república brasileira, uma espécie de bíblia do governo pseudo-democrático. E onde fica o nosso conformismo suicida nessa história? Aí sim, depois de viajarmos por toda essa história do nosso país podemos vislumbrar o porque de estarmos presos neste mundo, sem ter meios de nos libertar, isto por causa do maldito conformismo suicida, o brasileiro, como indivíduo político é um suicida conformado, ele sabe que um dia vai morrer, seja pelas mãos do estado ou seja por desgosto, velho e inválido em razão dos anos que trabalhou para manter esse estado gordo e faminto, mas não faz nada para mudar isso, não se opõe ao estado, não se opõe as autoridades, prende-se a conceitos estabelecidos seja por religião ou por uma falsa moral que está impregnada em sua mente, onde é errado usar da violência contra os outros, porém ser violentado todos os dias é algo perfeitamente cabível, já que as autoridades detêm o poder divino da constituição e por ela são protegidos, enquanto para o pobre cidadão comum brasileiro é imposto um código penal, repleto das mais diversas penalidades e sanções, para que você sempre pense duas vezes antes de se opor ao estado. Sempre se conformando com a ruína, este é o nosso conformismo suicida, o pensamento que está impregnado em praticamente todos os brasileiros, fazendo-os escravos do estado, da aristocracia, mantendo-lhes bem abastecidos de riquezas, impunidade e poder.

Mas, aos poucos, temos o que chamam de "raios de esperança", com movimentos sociais de contracultura, contra a cultura da subjugação, do conformismo, gerando forças capazes de mover todos nós, pouco a pouco, para cima, para fora deste poço, fora deste mundo, deste Brasil velho e decrépito. Para um novo Brasil, um Brasil nosso, de todos, todos eu digo nós, aqueles que trabalham todos os dias pensando num futuro melhor e não para aqueles que só pensam em formas de se aproveitar das pessoas, para estes párias, o fundo do poço.

- Alex Mantovão